Atrás de São Paulo, região gerou 866 postos de trabalho na área, entre janeiro e outubro. Falta de qualificação ainda é gargalo, dizem empresários
Entre as quatro linhas que desenham o Distrito Federal ocorre um dos mais acelerados crescimentos econômicos do setor de tecnologia da informação (TI) do Brasil. Viu-se aqui a maior alta - de 14,5% - da área de TI do país em agosto e a segunda maior, na comparação com o mesmo mês do ano passado, conforme os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Empresas que ampliam negócios na região, para atender ao setor público, são um dos motores desse aumento, que foi responsável também por colocar o DF em segundo no total de vagas oferecido, considerando os meses de janeiro a outubro deste ano, conforme balanço do Ministério do Trabalho feito a pedido da reportagem – foram 866 postos gerados, ficando atrás apenas de São Paulo.
Cria da capital, a CTIS, por exemplo, emprega um total de 11 mil funcionários, dos quais 6 mil estão sediados em Brasília. Uma das maiores empresas da área no mundo, com presença em 44 países, a francesa Capgemini abriu, em setembro, ao menos 350 vagas para a unidade brasiliense. Além disso, em outra empreitada na capital da República, a organização abriu postos para um programa de trainee.
Neste ano, aumentaram também as movimentações em postos na área, segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores de Processamento de Dados e Tecnologia da Informação (SindPD-DF). Entre os meses de janeiro e outubro, o ministério registrou 4.529 rescisões de contrato, um aumento de 37% em relação a 2012. "Podemos entender que há um aquecimento", observa Edson Simões, presidente do SindPD-DF. Segundo ele, muitos deixaram os postos atuais por oportunidades melhores. "Notamos que certas empresas transferiram para Brasília as centrais de serviços delas, o que emprega mais pessoas, inclusive em áreas de atendimento, como telemarketing."
Porém, outra questão deve ser levada em conta: muitas vagas estão abrindo e não encontram profissionais qualificados para ocupá-las. "O principal desafio é encontrar colaboradores qualificados", aponta Malena Martelli, vice-presidente de Recursos Humanos da Capgemini.
Enquanto faltam profissionais, as vagas devem seguir em expansão. No próximo ano, outro empurrão ao setor pode vir do Parque Tecnológico Capital Digital, com a conclusão das duas etapas finais do projeto, que estão em fase de licitação.
Em dez anos, a instalação do parque deve fazer com que a participação da TI na economia local suba de 10% para 15%, estima a Secretaria de Ciência e Tecnologia em nota enviada à reportagem. O governo espera que 1,2 mil empresas se instalem no Distrito Federal atraídas pelo local. Cerca de 25 mil empregos diretos são esperados.