Você deve estar achando estranho o título deste artigo. Fique tranquilo, você não leu errado. Resolvi falar sobre esse tema depois que acompanhei todo o processo de decisão do meu marido em, finalmente, colocar seu desejo em prática: fazer uma tatuagem.
Sou suspeita, porque acho lindo e acredito que a pessoa tem de ter muito foco e desejo junto para submeter-se à dor que aquele aparelhinho consegue produzir num indivíduo. Estive firme e forte ao lado do meu marido e vi que não é brincadeira, não.
Mas, apesar de todo o sofrimento, ele é temporário. E o prazer de tatuar aquela imagem tão desejada que carrega tanto significado, ah, esse é para sempre. E foi a partir de toda a jornada pelo qual meu marido passou, desde a decisão de se tatuar, passando pela escolha do desenho e do profissional, até a tatuagem finalizada, é que compartilho com você as lições que aprendi.
Muitas vezes meu marido me pergunto: "O que você acha de fazer assim? O que você acha de fazer assado?" E eu sempre respondia: "Eu gosto, mas só você é quem poderá escolher, porque isso ficará na sua pele para o resto da vida."
Portanto, não importa o que os outros pensam sobre sua decisão. Se você está seguro dela e se sente bem com sua escolha, bola para frente. Apenas faça.
Um colega nos encontrou no shopping e disse ao meu marido: "Bem vindo ao clube dos criminosos!" Ele também é um tatuado e nos disse que ainda é como muita gente percebe quem possui uma tatuagem no corpo. Infelizmente esse pensamento preconceituoso existe.
Mas, preste atenção no que vou dizer, saiba que aqueles que te julgam pelo seu exterior são tão vazios quanto te enxergam ser. Ser um tatuado e conhecer outros tatuados te ensinam a não valorizar as aparências e a não perder tempo com quem julga os outros assim.
Essa, com certeza, é uma lição unânime. Meu marido que não me ouça, mas vi a expressão de sofrimento dele em muitos momentos ali. Independente da sua tolerância à dor, você decidindo-se por decorar a pele irá sentir dor. E eu penso que é exatamente isso que faz de um tatuado um indivíduo que pode ter ainda mais orgulho de si. Assim como numa sessão de tatuagem, situações dolorosas podem nos levar a grandes resultados.
Todo mundo diz que, depois de feita a primeira tatuagem, a pessoa vicia. E eu acredito nisso. A primeira vez traz consigo dúvidas, medo, insegurança. Mas, vivida a experiência, a segunda vez traz consigo mais prazer do que dificuldades, afinal você aprendeu na prática que não é o fim do mundo assim.
Meu marido escolheu uma carpa como desenho principal de sua tatuagem. E, embora nós tenhamos pesquisado e aprendido que a carpa voltada para cima significa os desafios a serem batidos, ninguém fez a mesma tatuagem pensando exatamente no significado que ele quis dar. Não existem duas tatuagens com exatamente o mesmo significado. Cada pessoa expressa as suas próprias ideias, experiências e memórias em sua tatuagem.
Por outro lado, é inútil querer imprimir um significado para cada pedaço da sua tatuagem. Além disso, nem todo mundo pensa num significado para o desenho que quis tatuar no corpo. Muitas pessoas se tatuam porque gostam daquele desenho ou daquele conceito. E isso basta. Ou seja, nem tudo precisa ser explicado, medido, justificado. Existem coisas que você apenas faz ou sente.
Quando fomos pedir indicações de tatuadores na região, vários amigos indicaram um específico, bastante famoso e com muito anos de experiência. Por duas vezes fomos ao estúdio e fomos tão mal atendidos que decidimos fazer nossa própria escolha. A fama daquele cara só nos disse uma coisa: que ele não nos merecia como clientes.
Acabamos conhecendo um outro tatuador, que entendeu exatamente o que meu marido queria, propôs um desenho que se encaixou direitinho no que meu marido imaginou e que foi extremamente profissional em sua conduta. Nós conversamos com o cara e a empatia foi automática. Para mim, esse foi a melhor lição de que fama definitivamente não quer dizer nada. O que importa é a conexão.